24.1.12

Diário de bordo: Cape Town

Hoje o post do Diário de Bordo ficou grande, mas é que a viagem para Cidade do Cabo, ou Cape Town, foi tão fantástica que eu tenho que contar! Em agosto do ano passado minha irmã passou o mês inteiro por lá, e eu fui na última semana. Nunca tinha viajado só com ela e foi demais. Fiz até uma tatuagem por lá para simbolizar essa experiência. Escrevi "familie" no pé, que significa "família" em Afrikaner, a língua nativa.



Basta entrar no avião para sentir o clima sul-africano. Apesar da longa viagem, oito horas e meia até Johanesburgo e mais duas horas e meia até Cidade do Cabo, ou Cape Town, a alegria é contagiante. E nessa viagem surpreendente que eu vou te levar.
           
Temos uma visão errônea da África do Sul. Alguns quando pensam em África só pensam em pobreza, e muitos outros pensam em animais. Sim, estamos indo em direção de um continente historicamente pobre, mas lembre-se que estamos indo para a África do Sul, país que está na disputa do Bric, grupo econômico formado por Brasil, Rússia, Índia e China. E sobre os animais, sim, você pode fazer um safári fantástico, mas eu não fiz, devido às condições climáticas e a falta de tempo, afinal um safári demanda alguns dias, eu voltei sem conhecer os animais selvagens da savana africana, mas continuo apaixonada pelo lugar e por toda a cultura que os cerca.


           
Quando estamos quase pousando em Cape Town, já percebemos a mudança na paisagem, já percebemos que a cor predominante é o marrom, a terra. Ao sair do aeroporto já consigo perceber muito facilmente como é o fim do inverno por lá, com ventos que chegam a te empurrar. Na sombra, é necessário um casaco, um bom casaco, mas no sol, uma camiseta é suficiente. Provavelmente essa é a maior dificuldade de adaptação, o clima.
           
No caminho da hospedagem já noto algo diferente, que depois sentada na praia esperando pelo por do sol consigo identificar. De uma maneira mágica, o azul do céu é mais azul, a vegetação é mais verde e o mar parece mais distante, mais infinito, se é que é possível isso acontecer. Parece loucura, mas esses elementos tornam a cidade um paraíso.


           
De qualquer lugar da cidade você está cercado pela Table Mountain, uma montanha com o formato de uma mesa, por isso o nome. A montanha vale uma visita. Você pode pegar o bondinho que gira 360º graus e ir apreciando a vista da cidade inteira enquanto não chega no topo. Lá em cima, existe um parque nacional, então você pode caminhar sobre a montanha, simplesmente sentar e admirar a vista magnífica ou então levar com você um vinho sul-africano, um dos melhores do mundo, e ver o tempo passar. Mas cuidado para não se perder. E preste atenção no tempo, pois se tem chuva ou o tempo está nublado, a montanha fica fechada, ou se lá de baixo você perceber que as nuvens estão caindo sobre ela, o que é lindo também, não suba, pois prejudica a visibilidade.
           

Lá de baixo, na cidade, você também vê o chamado Doze Apóstolos, um conjunto rochoso que forma doze saliências. Um passeio que também deve ser feito, é ir até o Waterfront, um conjunto comercial junto com um porto que claro, fica de frente para o mar. Neste lugar você encontra um shopping center, ótimos restaurante, um museu, cantores que fazem apresentações ao ar livre, o aquário, a saída do barco para Robben Isand, entre outras várias opções de lazer.
           

O aquário Two Oceans Aquarium é um passeio muito legal, para adultos e crianças. Além de uma variedade incrível de peixes e um aquário central grande o suficiente para manter aproximadamente uns dez tubarões tigre, arraias, tartarugas marinhas e peixes, um local só com pingüins, onde eles ficam muito próximos. Para os adultos, é um passeio rápido e muito bonito, e para as crianças é muito divertido e uma oportunidade de chegar bem pertinho dos animais. O nome do aquário é devido ao mesmo ter espécies dos dois oceanos, do Atlântico e do Índico. Verifique no site (twooceansaquarium.com) o horário de alimentação dos tubarões, pois se você for nesse horário você consegue ver sentado os funcionários dando comida aos animais.
           
Reserve meio dia também para ir à Robben Island, onde a saída do barco é do Waterfront. Essa ilha é onde está a prisão que Nelson Mandela esteve por 26 anos. Essa prisão de segurança máxima já foi também um hospital e hoje em dia está aberta para visitação. Quando desembarca na ilha, você entra num ônibus e é guiado pela ilha onde conhece os principais pontos. Em uma das paradas você pode fotografar uma vista maravilhosa de toda a cidade com a Table Mountain ao fundo. Após o tour de ônibus, você entra na prisão de segurança máxima e é guiada por um ex-detento, que esteve lá devido ao Apartheid, regime de segregação racial que durou 46 anos. Na prisão você visita os principais pavilhões e as celas, entre elas a do atual presidente da África do Sul, Nelson Mandela. O atual presidente foi o maior representante antiapartheid, e por isso ficou 26 anos preso, apesar de ter sido sentenciado com prisão perpétua. Em 1993, Mandela recebeu o prêmio Nobel da Paz por ter lutado a favor dos direitos humanos e contra a segregação racial. Um passeio longo, de três horas e meia, mas um momento de reflexão.
           

Reserve meio dia ou um dia inteiro, você tem essa opção, de fazer uma curta viagem até o Cabo da Boa Esperança. O Cabo fica ao sul da Cidade do Cabo e é conhecido como o cabo que ao ser dobrado revela a ligação entre o oceano Atlântico e Indico, o que em 1488, representou um grande avanço para o navegador português Bartolomeu Dias, pois assim chegariam às Índias. A vista do local é fantástica, mas cuidado com os baboons, babuínos que habitam o local e são atraídos por comida, mas se deixar eles não levam apenas a sua comida, mas óculos, câmeras fotográficas e tudo aquilo que interessar e estiver ao alcance. No trajeto para o Cabo, como muitas vezes é chamado, é feita uma parada em Boulders Beach, conhecida como a praia dos pingüins. A praia é repleta dessas aves. Uma parada obrigatória.
           


Na cidade não deixe de ir ao Greenmarket Square, um quarteirão no centro de Cape Town onde são vendidos artesanatos locais, tecidos, roupas tradicionais e muitas lembrancinhas para você trazer. A palavra desse mercado é barganhar, afinal, um vestido tradicional de seda pode baixar de R280,00 para R150,00. Mas também é necessário paciência, pois se você parou em uma banca vai ter que parar na próxima e assim por diante. Os vendedores só faltam de pegar pelo braço. Mas no final vale a pena, pois você consegue comprar muitas coisas com um preço ótimo.
           
Falando em preço, a moeda local é o Randi, e geralmente vale quatro vezes menos que o Real, ou seja, R$1,00 vale R4,00, mas confira a taxa cambial antes da sua viagem. Outra dica importante é já levar a moeda local. Eu levei pouco Randi e o restante em Dólar, mas tive que trocar tudo por lá, pois nenhum local aceitava a moeda americana, diferente do que eu já tinha sido informada. Por lá também é necessário prestar atenção no trânsito. A mão é inglesa, mas não se esqueça que não é apenas o lugar do motorista que muda, mas a direção do trânsito também. Uma boa dica para quem não quer ser atropelado. Os táxis são eficientes e é possível encontrar em todos os lugares, mas geralmente eles falam que vai ser um preço e no final da corrida eles cobram mais caro. Infelizmente isso acontece muito.

Os ônibus são bons e limpos, mas dizem que é melhor não utilizar, porque vão para os bairros mais afastados. Eu utilizei para ir até o Waterfront, foi muito fácil e seguro. Tem também a opção dos Mini Bus, uma van, como as escolares que vão para os principais bairros da cidade, mas só tem um problema, lá não existe capacidade máxima. Os passageiros vão entrando conforme o motorista acha que cabe, nem que para isso alguém tenha que sentar no seu colo. Talvez não seja o melhor meio de locomoção, mas foi uma experiência bem divertida.
           
 Infelizmente não há espaço suficiente para colocar tudo aquilo que deve ser feito em Cape Town, mas para finalizar, não perca o por-do-sol da praia de Clifton. Sente na areia e espere o sol baixar. Com certeza você não vai se arrepender. A praia é cercada de casas e não tem nada, só areia, pedras e o mar. Ah, saiba que por lá é proibido beber na praia, então nem pense em fazer uma farofa básica brasileira.


A companhia aérea que vai para lá é a South African Airlines, muito boa, com aviões novos e ótimo atendimento. As estações do ano acompanham a do Brasil, afinal está também abaixo da linha do Equador. E o fuso-horário é de quatro horas. Enquanto no Brasil ainda é meio dia lá já são quatro da tarde. A comida é barata, já os passeios nem tanto.

Aproveite para conhecer um pedacinho desse continente colorido e cheio de cultura.

3 comentários:

  1. Oi, Lau!! Que demais! Quero muito ir conhecer... Só um adendo sobre o fuso horário. Talvez quando estamos em horário de verão, mude para apenas 3 horas, não? Ou eles também aderem? Lembro que cheguei a Londres com 4 horas de diferença e quando voltei tínhamos apenas 2 horas, já que começou o horário de verão no Brasil e acabou o de lá! rs..
    Beijos!!

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    1. Vale muito a pena conhecer Di! E sobre o fuso horário você me pegou, mas se não me engano eles também tem fuso, então ficamos na mesma!! Beijos

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  2. Boas lembranças de Cape Town! lugar incrível e sem explicação...

    Beijos Má

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